quinta-feira, 15 de julho de 2010

12 - Estrada de Ferro

Foto da antiga Estação Azevedo, registrada por Aldecy Mendes Vargas

A antiga estrada de ferro que ligava Porto Alegre a Montenegro foi construída pelo ano de 1909. Dentro do município de São Sebastião do Caí, ela tinha estações nas localidades de Portão, Capela de Santana e Pareci Velho. Nestas duas últimas localidades, como a ferrovia não passava pelo centro da localidade, deu origem a novo bairro e localidade que cresceram em torno das estações: Estação Azevedo, próximo à vila de Capela e Estação Pareci, perto do Pareci Velho.
As estações de Portão e Pareci ainda estão de pé, mas a estação de Capela foi demolida para a construção da fábrica Dilly.

11 - Dilon Vieira

Dilon Vieira foi uma grande liderança de Capela, na segunda metade do século XX

Natural do Passo da Taquara, Dilon Sebastião Vieira foi ainda rapazote para a Estação Azevedo, trabalhar como caixeiro no armazém de Wilibaldo Klein (Wili Klein, meu pai).
Ele destacou-se no trabalho pela sua simpatia e paciência no trato com os clientes e tornou-se sócio no armazém. Casado com dona Paula, ele foi pai de Carlinda, Paulo e Cristina. Foi vereador do município de São Sebastião do Caí e candidato a prefeito em regime de sublegenda.
Dilon era muito bondoso e tinha o defeito de não saber cobrar dívidas. Foi o criador do loteamento originou o atual Bairro Imigrantes (também conhecido como Vila Dilon). Foi comerciante em Estação Azevedo e, em idade mais avançada, morou no Caí.
Para o povo, era conhecido como Tio Dila.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

10 - Graxeira explodida e terno de reis





O açougue cuja graxeira explodiu no início da década 
de 1960 ficava em frente à figueira que proporcionava 
sombra ao então armazém Klein e Vieira
Na primeira postagem deste blog narramos as impressões guardadas da explosão de uma graxeira num antigo açougue de Estação Azevedo.
Conforme nos informa a leitora Maria Tereza, o Matadouro e Açougue a que o texto se refere ficava situado na atual Rua João Coitinho, onde atualmente existe uma Clinica de Fisioterapia. É de propriedade de seu pai Carlos Flores de Oliveira. Na época do acidente (há aproximadamente 50 anos) estava alugado para Joaquim Flores de Oliveira, seu tio.
A graxeira ainda existe - informa Maria Tereza. E está certa em dizer que ela faz parte da história de Capela de Santana.
GRUPO DE TERNO DE REIS
A mesma Maria Tereza colabora com nosso blog capelense com esta mensagem que foi enviada por José Lori da Silva.
Nos anos 50, uma turma de amigos se reuniu em um galpão crioulo para a formação de um grupo de terno.
Tinham como mestre José Lori da Silva, com seu companheiro Antônio de Paula e contra-mestre Milton Garcia Coitinho, também violeiro do grupo,com o companheiro Ademar Sthroer. E, ainda, Valter Filippsen como gaiteiro.
O grupo chegava nas casas cantando. Então os moradores acendiam as luzes e convidavam os músicos para entrarem.
Os versos eram improvisados pelo mestre do terno.
Cantaram por muitos Natais, Anos Novo e Dia de Reis, sendo muito bem recebidos por onde passavam.
O grupo de terno era sinônimo de felicidade, pois deixava alegria por onde ia. Mas foi encerrado porque alguns companheiros partiram.
Ficou a saudade daqueles tempos maravilhosos.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

9 - Jodeli: um exemplo de superação

Jodeli: um exemplo de superação

Jodeli Lourival de Rosa Lopes é filho de Antônio Inácio Lopes e Eni da Rosa Lopes.
Nasceu em 25 março de 1943, em Capela de Santana.
É bisneto de Desidério Lopes, soldado na guerra do Paraguai.
Aos 15 anos de idade, ele começou a trabalhar na Arrozeira Brasileira SA, onde sofreu um acidende numa máquina, tendo uma de sus mãos amputadas.
Voltou a estudar no grupo escolar Victor Adalberto Kessler, onde completou o primário em 1961.
De volta ao trabalho na Arrozeira, fez o curso ginasial noturno em 1969, fazendo parte
da primeira turma da escola Almeida Ramos.
Após, fez cursos técnicos de eletricista, carpinteiro, pedreiro, administração sindical e de empresas.
Foi presidente do Sindicato de Fiação e Tecelagem de Capela por 12 anos.
Na sua gestão como presidente do CPM do colégio Almeida Ramos, foi construido o
primeiro pavilhão de salas de aula, para o novo Alemida Ramos.
Foi sub prefeito de Capela de Santana, quando Capela ainda era distrito de São Sebastião do Caí. Foi o último sub prefeito antes da emancipação.
Foi vereador capelense no período de 1997 a 2000.
Do casamento com Maria Marli em 1970, nasceram duas filhas e dois filhos.
Joice, Jocileia, João Paulo e Antonio Augusto.
Duas netas, Tamires, Daiane e um neto José Guilherme.
Hoje, aos 66 anos, ele ainda trabalha como eletricista, sendo admirável a sua habilidade e agilidade no trabalho, apesar dele trabalhar com apenas uma mão (pesquisa realizada por Aldecy Mendes Vargas).

quinta-feira, 30 de julho de 2009

8 - Mais velho que a estrada da Capela


A rua, em frente à igreja luterana, foi parte da estrada mais antiga da região
No Vale do Caí existe uma expressão que já foi mais usada, mas ainda hoje é lembrada por muitos. Quando se quer dizer que algo é muito antigo, diz-se que "é mais velho do que a estrada da Capela".
Que estrada será esta? O assunto merece uma pesquisa.
Pode se imaginar que houve, muito antigamente, um caminho ligando Porto Alegre a Capela. Ele deve ter surgido por volta de 1740 e é muito provável que a travessia do Rio dos Sinos se dava num ponto próximo a Esteio ou Sapucaia.
Mais tarde, entre as décadas de 1840 e 1870, Capela passou a pertencer ao município de São Leopoldo e deve ter se desenvolvido uma estrada entre as duas localidades. Esta, provavelmente, passava pela atual cidade de Portão.
Também é antiga a ligação entre Capela e São Sebastião do Caí. Esta deve ter se desenvolvido mais nos anos próximos a 1850, quando o Caí começou a ser povoado.
A estrada velha de Capela ao Caí deve ser aquela que - partindo-se de Capela - passa pelos fundos da Vila São Lucas e vai encontrar a RS-122 perto do abatedouro dos Colling. Antes um pouco de chegar à RS-240, seguindo por este caminho, existe uma lomba com calçamento de pedra irregular. A preocupação em fazer esta obra mostra como esta estrada foi importante no passado.
Mais adiante, no Passo da Taquara, há um trecho no qual a estrada passa entre dois barrancos. Quem passou por ali há 20 ou 30 anos atrás, lembra de como o caminho era estreito e os barrancos pareciam altos. A estrada passava, praticamente, dentro de um valo. E dizia-se que ela ficou assim porque as rodas das carretas foram escavando o terreno ao longo de muitos anos de uso daquela estrada.
Esta velha estrada da Capela passava, provavelmente, pelos fundos do núcleo da UCS, depois pela lomba da Roseta, e atravessava o arroio Cadeia no velho Passo do Cadeia, que fica a algumas centenas de metros (arroio abaixo) da velha ponte de ferro.
Depois de atravessar o passo, os viajantes dos tempos idos estavam próximos de chegar ao Caí.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

7 - A fábrica que fez a Capela crescer

Os prédios da antiga fábrica ainda são conservados
A Arrozeira Brasileira foi, no seu tempo, a maior empresa do município de São Sebastião do Caí. Ela produzia cordas, sacos e tapetes utilizando como matérias primas a juta vinda da Amazônia e o sisal plantado na Capela e em Guaíba. Do final da década de 40 até o início da de 1960, a empresa cresceu muito. Já no ano de 1951 empregava de 600 a 700 funcionários. E, no seu apogeu, chegou a ter 1.180 funcionários. Isto fez com que milhares de pessoas migrassem de outros pontos do estado (especialmente do município de Rio Pardo), fazendo crescer significativamente a população local.

Hugo e Fernando Kessler preocupavam-se com a educação, saúde e bem estar dos funcionários. Eles construíram uma escola primária que levou o nome de Victor Adalberto Kessler e proporcionaram excelentes cursos técnicos para o aprimoramento dos seus funcionários. Fernando Kessler viajou para a Alemanha e trouxe de lá a idéia do ensino dual, com aulas normais para as crianças pela manhã e aprendizado técnico na parte da tarde. Jovens e adultos estudavam Mecânica, Marcenaria, Fundição e Eletricidade na escola técnica que foi criada na empresa. Ela era chamada de Escola Industrial Fernando Kessler e dali saíram muitos jovens que depois se tornaram engenheiros ou empresários.

Às quintas-feiras eram exibidos filmes no salão do refeitório e foi criado um time de futebol da empresa que foi o melhor do município. Passou por lá o caiense Mauro Coelho, logo antes dele ingressar no time do Renner e tornar-se famoso no estado com o apelido de Barrilzinho de Pólvora. O médico e o dentista de maior reputação no Caí naquela época (Bruno Cassel e Arthur Schaeffer) foram contratados para dar assistência aos funcionários.

As informações para esta matéria foram prestadas, basicamente, por Pedro Exemberger, que ingressou na empresa em 1948, com doze anos de idade, freqüentou a escola técnica da empresa e trabalhou na mesma por muitos anos, exercendo funções de gerência industrial.

6 - Como surgiu a Arrozeira

A Arrozeira Brasileira foi a maior indústria do município de São Sebastião do Caí
Uma pequena fábrica de cordas, que existia em Estação Azevedo na década de 1930, foi adquirida por Victor Adalberto Kessler (um grande empresário de Porto Alegre dedicado à produção e comercialização de arroz com a marca Índio e proprietário do City Hotel) e passou a ser administrada por seus dois filhos Hugo e Fernando. Eles eram ainda rapazes, mas se mostraram muito competentes. A aquisição da fábrica pela família Kessler ocorreu no ano de 1941. Época em que acontecia a Segunda Guerra Mundial. O que, se de um lado representava problemas para o desenvolvimento da empresa, também oferecia oportunidades. As importações estavam impossibilitadas devido ao perigo de navegar pelos oceanos infestados de submarinos alemães.

Graças ao espírito dinâmico de Hugo e Fernando Kessler, a empresa foi se organizando e desenvolvendo. Logo que assumiram a empresa começaram a demonstrar um dinamismo que causou admiração e surpresa entre a população da pacata vila de Capela de Santana. Sua primeira iniciativa foi construir dois pontilhões na estradinha que ligava a fábrica à estação da estrada de ferro. Mas foi só depois da Guerra, em 1947 que a fábrica começou a tomar maior impulso. O nome da empresa mudou para Arrozeira Brasileira SA e passou a ter como sócios membros das famílias Maroco e Previ (esta, da Argentina). Foram adquiridos equipamentos modernos, da Inglaterra. E técnicos foram chamados à Capela para fazer a instalação dos mesmos e a implantação de novos processos de produção. Um técnico japonês, vindo de São Paulo, orientou a instalação das novas máquinas e a adoção de novas técnicas.

Uma usina geradora de energia elétrica foi implantada pela própria empresa, usando lenha para movimentar uma caldeira que acionava as turbinas geradoras da energia. Matos de eucalipto foram plantados para fornecer a lenha. Foram adquiridas áreas de terra para a implantação de mais de 200 hectares de plantações de sisal. Uma olaria foi construída para fornecer os tijolos necessários para a construção dos prédios. Os três principais tinha 4.200 metros quadrados cada um.